Contencioso estratégico: por que a presença ainda importa

Contencioso Estratégico – Viseu Advogados

Por Cristiana Bauer, sócia da área de Cível Estratégico do Viseu

Nos últimos anos, acompanhamos de perto a transformação da Justiça brasileira. Os processos eletrônicos, as intimações automatizadas, as audiências e os julgamentos por videoconferência tornaram o rito processual mais célere e acessível. Muitos desses avanços são bem-vindos, tendo em vista que deixaram o dia a dia forense mais ágil e eficiente, especialmente em demandas de grande volume.

Contudo, no contencioso empresarial estratégico, onde via de regra cada conflito carrega camadas complexas de questões fáticas e de direito, expectativas e risco, a agilidade nem sempre é sinônimo de eficiência, muito menos de profundidade. A experiência nos mostra que os detalhes são decisivos, e que certas entregas exigem dedicação constante, atuação combativa e presença.

No Viseu, lidamos diariamente com disputas que envolvem contratos estratégicos, questões societárias sensíveis e conflitos com impacto direto na operação ou reputação das empresas. Em todos esses contextos, a atuação técnica deve vir acompanhada de algo que não se automatiza: o envolvimento direto.

Isso significa estar presente nos momentos relevantes; analisar cada peça com atenção redobrada; preparar o cliente e as testemunhas para a audiência com a profundidade e clareza devidos; sustentar uma tese com firmeza no tribunal; solicitar o despacho que pode mudar o rumo do processo.

Não se trata de insistir em um modelo ultrapassado, mas de reconhecer que, em determinados casos, é justamente o “olho no olho” que faz a diferença.

O que chamamos de contencioso estratégico parte dessa premissa: compreender o processo como mais do que um rito. Ele é parte de uma história maior, que exige leitura de contexto, articulação cuidadosa e domínio técnico. Atuamos com times que conhecem o processo em profundidade, mas que também entendem o negócio do cliente, suas vulnerabilidades e o que está, de fato, em jogo naquela disputa.

Nos organizamos com base na lógica do Direito 360, que propõe uma atuação integrada com áreas como Contratos, Societário, Digital e Proteção de Dados. Essa integração não é um rótulo. É prática cotidiana, construída a partir da troca constante entre especialistas. Porque um bom contencioso não se faz isoladamente.

Mais do que acompanhar a evolução da Justiça, acreditamos que cabe ao advogado estratégico escolher com responsabilidade quando avançar com a tecnologia e quando apostar na essência da boa advocacia: escutar, estar perto e representar com profundidade.

Em um cenário que favorece a velocidade, seguimos atentos ao que exige cuidado, porque alguns resultados só se alcançam com espírito combativo e atuação verdadeiramente próxima ao Judiciário.